OS DISCOS QUE MAIS CURTI EM 2012 – PARTE 2

dezembro 25, 2012 § Deixe um comentário

THE ELETRIC AGE

Quando o primeiro riff toca, depois da intro cabulosa, parece que estamos ouvindo uma banda punk, no mínimo crossover tipo D.R.I. ou R.D.P. – Logo os vocais agudos e mudanças de ritmo mostram que o Overkill é mais virtuoso que a musica Punk, além de suas musicas serem muito mais longas. É preciso falar logo que a qualidade do som do disco é fenomenal, principalmente considerando que não se trata de uma banda grande; destaque para os timbres de guitarra e baixo muito adequados ao gênero. Overkill é uma banda “clássica” mas seus primeiros discos não prendem minha atenção muito por causa da produção tosca, mas depois de Killbox 13 a banda cresceu em qualidade técnica e Ironbound foi um disco recheado de grandes musicas e é o melhor da banda. Em Eletric Age o nível cai após as 4 perfeitas primeiras musicas mas mantém a pegada com Old Wounds New Scars e Good Night. A edição especial da Nuclear Blast é muito linda mas o DVD não vale a pena, faltou o clipe da fodástica Eletric Rattlesnake – responsável por eu comprar o disco – e alguma peformance ao vivo.

LES PASSAGERS

O baixo e o órgão dizem “j’ái si souvent dit je t’aime / sans aimer je crois” seguido pelo dedilhado de violão de Eumir Deodato “ça n’arrive que de temps em temps” já estamos apaixonados pela voz de Berry. Les Passagers é um rockzinho meio jovem guarda meio Françoise Hardy que joga com a sonoridade da língua francesa tour à tour, tour à tour, tour à tour… O disco soa maravilhosamente, predominantemente grave com violões e teclas sempre muito bem colocados, além da voz ora tímida ora confiante da cantora que já havia provado seu talento em seu disco de estréia Mademoiselle. Brune, uma canção falada, gainsbourguiana, dominada pelo baixo médio grave se destaca no disco e foi quem me vendeu o álbum. Eu havia ouvido apenas esta música em um videoclipe ao vivo pelo youtube, foi suficiente e valeu cada euro. Si c’est La Vie, a dylanesca Like a River e For Ever brincando com o inglês “ça va pas durer comme ça forever / jour aprés jour des jours so easy” é para amar. Todas as músicas contam nesse disco extremamente bem realizado, ainda há uma faixa escondida que não consta no verso do disco, uma versão orquestrada e mais rápida de Ce Matin.

BAG OF BONES

Ano passado eu listei o lançamento nacional do disco do Europe Last Look At Eden como um dos melhores do ano e a banda subiu muito na minha lista de favoritos. Em 2006, 2007 meu amigo Marcel já tinha ficado atento ao retorno da banda com Start From The Dark, uma obra prima, e ouvimos muito também o Out of This World com o clássico Superticious e o trabalho solo de John Norum com a malmsteeniana Into The Fire (ouçam o ultimo disco solo do guitarrista Play Yard Blues!). Não lembro se foi antes ou depois desta fase que eu “roubei” o LP de The Final Countdown de minha tia e ouvi até furar Cherokee, Rock The Night, e até Carrie que tinha uma versão em forró muito famosa na época e já foi chamada de pior música de todos os tempos, hahaha. Enfim. Bag Of Bones foi o primeiro disco da banda que eu esperei ansiosamente pelo lançamento. E ainda que agora ele mereça figurar na minha retrospectiva foi um disco que demorei para digerir, ponto positivo de uma banda que ainda não parou de criar e tentar novos sons. O timbre de guitarras do Norum é espetacular, grandes vocais e cozinha acertada. O tom sombrio das músicas estranha, e fala-se de uma pegada setentista, sei não, acho um som muito moderno apenas com boas referências de rock clássico. My Woman My Friend foi a primeira a grudar em minha cabeça com seu riff de teclado e guitarra pesados e Tempest cantando i am lucky ‘cuz you’re mine, logo grudou também Demon Head, Doghouse Mercy You Mercy Me, Bag of Bones – ótima pegada country mas o refrão eu não gosto muito – Not Suposed to Sing The Blues – o primeiro single com uma puta guitarrada, Ritches to Rags, a abertura do disco na mesma pegada de 2006 e Firebox, o segundo single que não gosto tanto mas possui refrão marcante, e Drink and a Smile, faixa acústica crossroads. Um disco para ouvir e apreciar inteiro; só faltou no brasil uma ótima bônus track Beautiful Disaster.

DEUS QUE DEVASTA MAS TAMBEM CURA

Isso é musica gospel? Chega a ser engraçado como muita gente perde a ironia do titulo deste disco. Um cara que canta mal (não tão mal quanto Rômulo Froes ou… Thiago Phetit, coff coff), não apela para refrões, letras sem muita profundidade; é no entanto uma das melhores coisas da musica brasileira atual, justamente por não seguir fórmulas (existe algo mais saturado que o pop brasileiro?). Traz no entanto composições redondinhas como Músico (de Hebert Viana, Bi Ribeiro e Tom Zé) e É Sempre Bom Se Lembrar (do próprio). É Pá Ska SP e Ela É Belém são mais engraçadinhas que outra coisa. Depois do respiro da faixa 7 – instrumental – mais uma grande canção em Para Onde Irá Essa Noite… Um disco que demorei para digerir mas que coloca Lucas como o nome mais interessante desta nova turma. Até porque convence ao vivo e continua escrevendo – a melhor musica de seu show foi um bônus track para versão europeia do disco – sem querer desmerecer os novos trabalhos de Céu, que fez bem e se afastar do reggae exagerado do segundo disco e da Karina Buhr, que segue evoluindo.

ARROCHA

O título deste disco fez alguns narizes entortarem quando recomendei ouvir, é uma boa provocação mas o novo Marisa Monte tem mais arrocha que isto. Preferível seria chamar o disco de Selvagem (se os Paralamas já não tivessem feito isso) pois é a melhor faixa e síntese do disco. Curumim tem voz melódica e toca bateria – e um pouco de tudo nas gravações – num disco cheio de batida eletrônica e boas ideias. Gosto também da faixa Passarinho e da abertura Afoxoque, que tem uma pegada bem empolgante (o Baiana System incorporou o refrão em uma de suas músicas) mas que termina antes que você perceba. Aliás, o principal problema do disco. Com apenas 35 minutos de duração ele parece sub-produzido. Partes instrumentais poderiam ter mais arranjos, penso em algo como faz o Cidadão Instigado. Com a média das musicas entre 2 e 3 minutos acho que faltou trabalho. Treme Terra mesmo não treme a terra, faltou o grave de uma Rave ou de uma Aparelhagem típica. Anelis Assumpção aparece como composição em Paris Vila Matilda, bonita ainda que curta balada. Vestido de prata é um axé moderno com programação no lugar de percussão e instrumentos tradicionais. Enfim, fôlego para o pop brasileiro – será que chega lá? – e melhor que a ultima maluquice de Tom Zé e Otto The Moon 1111.

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Disco novo de -M- o personagem criado por Mathieu Chedid é sempre uma grande expectativa para mim. Como nos últimos lançamentos, o disco traz novas texturas e sonoridades que se expandem a cada audição, um dos últimos discos que escutei este ano e que ainda estou digerindo. Destaques para a musica de abertura com suas mudanças de tempo, o latina Baia e a oriental Machine.

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Ouça também Thierry Stremler com o disco Rio, ótimas baladinhas francesas em violão.

THIS MACHINE

Apesar da longa carreira, até então os Dandy Warhols possuíam apenas um grande álbum em seu catálogo; Thirteen Tales From Urban Bohemia. É claro que se a banda se manteve viva por 15 anos foi graças a ótimas músicas aqui e ali, mesmo que a consistência de seus disco não seja o seu forte. Mas agora os velhos dândis tem mais um disco para chamar de clássico. This Machine é low-fi, atmosférico e experimental. A Capa (sem o adesivo) mostra o nome da banda muito discretamente e um violão com a inscrição This Machine (kill fascists?), mas o violão não é o instrumento predominante no play. Antes saltam aos ouvidos o baixo muito distorcido nas 4 primeiras e ótimas faixas. Na quinta, Well They’re Gone apenas percussão e acordeon com melodia vocal remetendo à Ordinary World – proposital? – mas esta não é a primeira vez que a banda parafraseia Duran Duran. E se até o Skank do brasil já copiou um riff dos caras, os Dandy se encaixam muito bem neste mundo de múltiplas referências. Um disco maduro e consistente de uma banda que encontrou seu lugar, destaque também para Rest Your Head, I Am Free – ótima para tocar em suas festinhas – e Slide.

BREAK IT YOURSELF

Artista favorito de Lorena, aprendi a gostar de Andrew Bird em seu último disco Noble Beast, para mim um dos melhores arranjados e produzidos discos já feitos. Expectativas estavam altas para este disco e Andrew fez bem ao não imitar a estética do antecessor, com uma nova proposta de ao-vivo-no-estúdio que funciona muito bem ao vivo no palco como conferimos em vídeos pela internet e vamos conferir em SP em 2013. O disco não possui hits óbvios e aposta mais no clima geral da audição – e com 60 minutos de duração ele tem mesmo muito o que mostrar, já tendo inclusive lançado um disco de sobras da gravação. Definitivamente um disco para ouvir se você gosta de um som calmo, meio folk, meio moderno. Ouça Danse Macabre , Give it Away e Near Death Experience (com participação de Annie Clark do St. Vincent) para ter uma boa ideia da coisa.

OMERTA

Um dos projetos mais aguardados na comunidade do metal pesado era o Adrenaline Mob, formado pelo ex-baterista do Dream Theater Mike Portnoy e o super vocalista Russel Allen, da banda prog Symphony X e outros projetos. Completa o time Mike Orlando que compôs as músicas e gravou guitarras e baixo. Frustrando a maior parte de seus fãs, os gigantes do metal progressivo lançaram um disco de metal pop, moderno, cadenciado, sem uma música sequer que remeta à complexidade com os dois músicos estavam habituados a trabalhar. É por este mesmo motivo que o disco chamou muito minha atenção, e define da melhor forma o que é um projeto paralelo – fazer algo diferente! Undaunted abre o disco com muito peso e bateria marcando o compasso ¾ que só se revela “quebrado” quando tentamos cantar junto. Indifferent recebeu clipe e é uma música pra adolescentes se identificarem e tocar no rádio – ah se as rádios tocassem mais musicas assim! – a produção do disco é bastante seca e os vocais sempre rasgados com atitude bad-ass motoqueiro. Torço muito para que o projeto se firme como uma banda e lançem novos discos e ganhem mais público entre os fãs de Avenged Sevenfold e similares.

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